sábado, 28 de janeiro de 2012

A Santidade de Deus

O tema da lição da Escola Sabatina nessa nova semana é sobre "A Santidade de Deus" (28 de Janeiro a 4 de Fevereiro).
Segue aqui um breve comentário da lição, lembrando que o mesmo não substitui o estudo diário que cada aluno deve ter, com a leitura da Bíblia e oração, pedindo orientação a Deus.

Antes de mais nada, devemos afastar a falsa ideia que alguns têm de que o Deus no Antigo Testamento é diferente do revelado no Novo Testamento. Há quem diga que o Antigo Testamento apresenta um quadro primitivo e ultrapassado de Deus, ao passo que no Novo Testamento, Ele é visto como o Deus do amor e da graça. Essa é uma visão distorcida da Bíblia e do caráter de Deus que NÃO MUDA.

Tanto o Antigo como o Novo Testamento trazem mensagens proféticas com a frase “assim diz o Senhor” ou a “Palavra do Senhor”, o que nos faz lembrar de que não somente o profeta estava falando para Deus, mas o próprio Deus estava falando, por meio do profeta. Jesus quando esteve neste mundo, citou várias vezes o Antigo Testamento (2ª Tim. 3:16, 1 Cor. 5:7), sendo certo que TODA escritura é inspirada pelo Senhor. Todo o Novo Testamento encontra fundamento teológico no Antigo. Aliás, como visto nas lições passadas sobre o plano da redenção, a graça e o juízo, o Novo Testamento é o marco inicial da execução do grande plano de Deus por nós, plano este de amor, que já se encontrava planejado desde a fundação do mundo. Portanto, o caráter de Deus não muda, e a ideia de que Deus é visto de formas diferentes nesses dois testamentos é equivocada e não aceita pelos adventistas do sétimo dia.

A primeira ocorrência do termo santidade que aparece na Bíblia refere-se ao sábado. É aqui que a declaração divina transformou um dia normal de 24 horas em um dia especial, distinto, único. Esse texto nos dá a primeira compreensão da santidade. Mostra que alguma coisa (nesse caso o tempo) é “separado” daquilo que está em torno dela. Então o conceito de “santo” é aquilo que é separado de algo que não é santo.

Essa ideia nos ajuda a entender a santidade de Deus. Deus é único, separado de todas as outras coisas na criação, de modo transcendental, distinto. É Aquele que não pode ser confundido com nenhuma outra coisa, principalmente com os falsos deuses (Êx 15:11). A santidade de Deus revela Sua distinção de tudo o que foi criado. Assim, a santidade reflete em altíssimo grau a distinção absoluta que existe entre criatura e Criador.

Como decorrência dessa unicidade se estabelece o conceito de santidade que nos é mais comum: a perfeição moral divina. Deus possui a total liberdade em não poder ser acusado de imperfeição (Sl 89:35). Mais que isso: diante de Sua presença, tudo o mais que não é perfeito demonstra seu estado de imperfeição. Um exemplo clássico é o segundo chamado de Isaías ao ofício profético, descrito no capítulo 6. Diante do coro angelical exaltando a santidade de Deus, o ser humano se mostrou extremamente frágil e pecador a ponto de antever a morte. Foi a santidade de Deus que trouxe ao coração de Isaías a certeza de sua pecaminosidade (6:5). 

O canto reverente dos serafins indica também que, mesmo que eles não possuíssem nenhum traço de pecado, a perfeição deles estava aquém e era dependente da perfeição de Deus. O Criador e Senhor de tudo é, em essência, santo, e essa santidade O distingue de qualquer outro ser.

Isaías 6 expõe outro conceito sobre a santidade de Deus – a glória de Sua presença. Assim, glória e santidade são ideias complementares quando se descreve a natureza de Deus.

Temos o profeta Ezequiel que experimentou a impressionante presença de Deus, quando teve uma visão, na qual caiu sobre o seu rosto (Ez. 1:28); Jacó quando teve a visão da escada para o Céu disse quão terrível era aquele lugar onde estava (porque Deus estava lá – Gên. 28:16.17); Moisés no Monte Sinai, quando o Senhor desceu na nuvem sobre o monte, ele se inclinou e encurvou (Ex. 34:8); Daniel quando teve a visão ficou sem força, pálido (Dn. 10:5-8). Aliás, o verso 06 de Daniel 10 descreve a visão de Deus.

Esses, sem dúvida, eram homens fiéis e tementes a Deus, piedosos e justos, e suas reações foram de medo, tremor e adoração. Isso ocorreu porque eles tiveram um senso da própria indignidade e pecaminosidade, em contraste com a santidade de Deus.

No Novo Testamento, o mesmo ocorreu com Pedro, ao perceber o milagre da pesca feita por Jesus; e com João em uma visão dada por Deus, e olha que João é mencionado como o apóstolo que teve a maior compreensão do amor de Deus. 

Por que essa reação? É porque não mais estamos no Jardim do Éden, onde Adão e Eva, antes da queda no pecado, saudavam a presença de Deus. Essa íntima comunhão mudou drasticamente logo depois da queda, quando o casal correu e se escondeu. Não mudou muita coisa desde então. Na verdade essa reação continua ao longo das Escrituras. Sempre que um ser humano encontra o Deus vivo, há o espanto inicial de finalmente ver a verdadeira profundidade do próprio pecado.

Nas escrituras, quando as pessoas realmente encontram o Deus do Céu, não existem palmas, tapinhas nas costas, nem cânticos alegres. Ao contrário, há humilhação e arrependimento pessoal. Cada um vê e admite sua culpa pessoal, sem desculpas e sem referências às faltas dos outros.

Para terminar, fiquemos com um trecho de Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 252: “A humildade e a reverência devem caracterizar o comportamento de todos os que vão à presença de Deus. Em nome de Jesus podemos ir perante Ele com confiança; não devemos, porém, nos aproximar dEle com ousadia presunçosa, como se Ele estivesse em nosso próprio nível... Tais pessoas devem se lembrar de que se acham diante dAquele a quem serafins adoram, perante quem os anjos velam o rosto. Deus deve ser grandemente reverenciado; todos os que em verdade se compenetrarem de Sua presença, se prostrarão com humildade perante Ele e, como Jacó, ao contemplar a visão de Deus, exclamarão: ‘terrível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus’”.

Pode ser mais agradável se concentrar no amor de Deus, em vez de Sua santidade, mas isso seria distorcer a verdade. Compreender Sua santidade, e, em contrapartida, a nossa pecaminosidade, é crucial para entener o que significa a expiação, por que ela é tão desesperadamente necessária, e por que teve um preço tão elevado.

Bons Estudos!


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