sexta-feira, 13 de julho de 2012

Tessalônica nos Dias de Paulo

Um feliz sábado para todos! A lição dessa nova semana vem com o título: “Tessalônica nos dias de Paulo”. Segue um breve comentário dela.



Verso para Memorizar: “Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas” (1Co 9:19).

Conceito-Chave: O tipo de transformação que o evangelho procura realizar só pode acontecer quando a mensagem de Cristo é vista como relevante para as preocupações e problemas que as pessoas enfrentam.

Na década de 1960, Don e Carol Richardson viajaram para Nova Guiné como missionários. Eles queriam compartilhar o evangelho com o povo sawi, um grupo de canibais caçadores de cabeças que não tinham nenhuma informação nem noção sobre Deus. Depois de aprender a língua deles, os Richardsons começaram a contar aos sawi a história de Jesus e Sua crucificação. Os sawi gostaram da história, mas não da maneira que os missionários esperavam. Do ponto de vista dos sawi, o herói da história não foi Jesus, mas Judas! Em sua cultura, o último ato heroico era fingir fazer as pazes com o inimigo e depois traí-lo e assassiná-lo quando este menos esperasse. Para os sawi, Jesus foi um tolo por ter-Se deixado enganar tão facilmente.

Não conseguindo convencer as tribos sawi a pôr fim às lutas e mortes constantes, e desanimados pela falta de sucesso na disseminação do evangelho, os Richardsons anunciaram que estavam indo embora. Com medo de perder o acesso à medicina moderna e aos suprimentos que os missionários haviam levado, os líderes das tribos sawi prometeram fazer as pazes e convidaram os dois missionários, que não acreditavam nessa promessa, para participar da cerimônia de paz. Como garantia da paz, as tribos rivais trocaram crianças, que seriam criadas por outra tribo. Os sawi chamavam cada criança de “terop tim” ou “criança da paz”. Enquanto essas crianças vivessem, a paz estava assegurada. Embora o povo sawi considerasse o assassinato uma coisa trivial, assassinar uma criança da paz era diferente. Para eles não havia ato mais desprezível e vergonhoso que esse.

Nessa cerimônia, os Richardsons descobriam o segredo de que precisavam para apresentar o evangelho de modo relevante para o povo sawi. Judas não foi o herói da história do evangelho. Jesus era a divina Criança da paz, e Judas havia conspirado para matá-Lo. Horrorizados como o que Judas tinha feito, os sawi ficaram ansiosos para ouvir o restante da história que contava como Deus havia trazido a Criança da Paz de volta à vida. Posteriormente, muitos dos sawi, comovidos pela história do evangelho, tornaram-se cristãos.

Pare para pensar: o povo sawi respondeu ao evangelho somente quando sua mensagem fez sentido dentro de sua cultura. Que obstáculos culturais impedem as pessoas de se identificarem com a história do evangelho?

 Vamos ao comentário bíblico:

O Majestoso Evangelho dos Romanos – embora a lição dessa semana trate de uma quantidade considerável de informações históricas sobre Tessalônica, é importante não perder de vista o objetivo principal do autor: o domínio de Roma em Tessalônica criou um vazio e fome na vida de muitos habitantes gentios da cidade. Foi isso que deu a Paulo a oportunidade de proclamar Cristo como resposta às suas reais necessidades. A importância desse ponto, e sua relevância para nós, podem ser vistas mais claramente se considerarmos o contraste entre as alegações feitas por Roma antiga e a proclamação do Cristo ressuscitado, feita por Paulo.

O Império Romano é frequentemente elogiado por trazer dois séculos de estabilidade política, segurança e paz para o mundo mediterrâneo. No entanto, a “paz romana” ocorreu a um preço muito alto: violência, dominação, exploração das classes pobres e trabalhadores e morte por crucifixão de toda pessoa que afrontasse ou desafiasse o poder de Roma. Esse foi um fato muito claro para os líderes judeus em Jerusalém quando eles estavam deliberando sobre o rumo que deviam tomar ao lidar com Jesus (Jo 11:48-50).

Com o poder e opressão romanos também veio a arrogância romana. Certamente não há exemplo mais impressionante do que a Inscrição de Priene, que remonta ao ano 9 a.C., cerca de cinco anos antes do nascimento de Jesus. A inscrição enche Augusto César de elogios, chamando-o de salvador do mundo e fonte de paz e justiça.

Num forte contraste, Paulo respondeu a tais afirmações com um enfático: “Não! Se Jesus é o Senhor, César certamente não é. Tudo que Roma reivindica para si mesma, Paulo reclamava para o Cristo ressuscitado. Nesse contexto, é claro que o evangelho de Paulo não era apenas a respeito de como encontrar vida eterna além do túmulo, mas também incluía o acesso a uma nova maneira de viver no presidente sob o senhorio de Jesus e pelo poder do Espírito Santo. O evangelho era um chamado radical para seguir Jesus. Embora os romanos pudessem ter se aproveitado da esperança inútil que os tessalonicenses encontravam no culto de Cabirus, Paulo ofereceu uma esperança mais segura, enraizada no Jesus crucificado, cuja ressurreição havia desafiado não apenas o poder de Roma, mas a própria morte!

Todas as Coisas para com Todas as Pessoas – Uma das razões pelas quais a mensagem de Paulo sobre o Cristo ressuscitado teve tanto sucesso em Tessalônica foi sua capacidade de conectar a mensagem do evangelho às preocupações e necessidades dos tessalonicenses. Não pense que isso aconteceu por acaso. Um exame das palavras de Paulo em 1 Coríntios 9:19-22 deixa claro que, antes de pregar o evangelho em algum lugar, Paulo tomava tempo para conhecer as pessoas que ele estava tentando alcançar.

Em relação a alguns dos líderes de Corinto, Paulo precisava tomar uma posição decisiva sobre o direito dos cristãos de comer carne vendia no mercado depois que os animais tinham sido abatidos em templos pagãos e oferecidos primeiramente aos ídolos (1Co 8:4-6). Visto que os deuses pagãos não existiam realmente, qual era o mal em comer carne que tinha sido oferecido a eles? Cristãos que pensavam de outra forma estavam, na opinião de alguns líderes, sendo supersticiosos e não viviam de acordo com a verdade do evangelho.

Em vez de tomar partido, Paulo defendeu um padrão muito maior para o comportamento. Ele disse que os cristãos devem ser motivados em primeiro lugar pelo amor aos outros, não apenas pelo exercício dos próprios direitos. De fato, alguns “direitos” podem ser um “erro” se eles acabam prejudicando a causa de Cristo na vida de um irmão (1 Co 8:7-13).

Foi nesse contexto que Paulo falou sobre ser “tudo para com todos” (1Co 9:22). Quando Paulo esteve entre os judeus, estava disposto a se adaptar aos costumes e práticas do judaísmo. Se estivesse entre os gentios, não insistia em mostrar que era judeu. Ele estava disposto a se ajustar a qualquer contexto social, desde que isso não comprometesse as crenças centrais da sua fé em Cristo. Sua única preocupação era ter consciência das crenças e costumes das pessoas e demonstrar sensibilidade para com elas, a fim de encontrar uma oportunidade de compartilhar Cristo de maneira relevante para elas.

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